LOGO CRIADO EM 1970 E USADO ATÉ HOJE PELA BANDA.
A HISTÓRIA DO OPUS
A coisa toda aconteceu mais ou menos assim... em setembro de 1969 eu e o Cordeiro fomos convidados para tocar no Golden Corders...uma banda que já existia a algum tempo em Bragança com o Cyrinho Theodoro na guitarra, o Edson Zago no baixo, o Robertinho Sargiani nos teclados e o Carlão Silva na bateria. Quando eu e o Cordeiro lá chegamos, o pessoal tocava umas musicas meio bregas para o nosso gosto. Então resolvemos mudar um pouco as coisas e começamos pelo repertório. Começamos a tocar musicas dos Beatles, Rolling Stones, Bee Gees e outras bandas da época. Tudo isso sem sair do porão em que ensaiávamos. O Robertinho foi o primeiro a discordar da proposta e saiu da banda. Para substituí-lo fomos convidar o João Fernando Guimarães, que na época estava cantando no Blue Boys. Só que aí veio junto com o João o Betinho que na época também tocava no Blue Boys (guitarra solo). O outro a não concordar foi o Carlão que não queria ficar só ensaiando... ele fazia do conjunto praticamente o seu sustento, então daquela forma não interessava. No seu lugar entrou o Zélito que na época tocava numa outra banda chamada Adendus Genitive junto com o Juca e o Romeu. Quando eu o chamei ele largou os caras no meio de um Bailinho no antigo Colégio São Luis. Aí depois de muito ensaio começamos a fazer umas matines no Club Literário com a seguinte formação: Zélito na Batera, eu de guitarra base e vocal, o Cyro de contra solo, o Betinho de guitarra solo e vocal, o Edson de baixo, o João Guimarães de teclado Saema e vocal e o Cordeiro de vocalista. O Betinho foi o próximo a ficar desgostoso com a banda, pois nós queríamos investir o que ganhávamos tocando em novos instrumentos e ele queria por a grana no bolso... então acabou caindo fora. Tentamos em vão colocar no lugar dele o Taciano Gayer, mas também não deu certo por inúmeros motivos. Ficamos com um problemão: não tínhamos um guitarrista solo e o João Guimarães não conseguia cantar tocando teclado. Aí uma luzinha começou a piscar na minha cabeça. Marcamos ensaio para o dia seguinte e quando o pessoal chegou eu anunciei a grande novidade. Só o Zélito e o Cordeiro continuariam nos seus instrumentos: a batera e a voz. Os outros todos mudariam. E assim passamos a ensaiar com a seguinte formação: Zélito na Bateria, Cordeiro nos vocais, João Guimarães de guitarra base e vocais, Cyrinho no Baixo, Edson Zago de Guitarra solo e eu, João Helena nos teclados. Com essa formação e um novo repertório bem elaborado, mesclando musicas dançáveis com rock passamos a fazer uma espécie de show baile. Conforme os dias iam passando, mais e mais shows foram aparecendo e nós íamo-nos desdobrando entre a musica e os estudos. Para ilustrar, na época (1971) todos estávamos na faculdade. O Zélito, o Cyro e o Edson faziam Administração de Empresas, o Cordeiro fazia Medicina e eu e o João Fernando Guimarães fazíamos Economia.
Com a crescente procura por show da banda, começamos a sentir necessidade de melhorarmos nossa qualidade sonora. Como tínhamos bastante dinheiro guardado no Banco COMIND (isso foi bem antes do COMIND quebrar), falamos com o Gerente que imediatamente nos deu uma Carta de Credito bastante polpuda. De posse da Carta de Credito, enchemos o tanque do Opala Azul Turquesa do João Guimarães e rumamos para São Paulo. Naquela época não era como hoje que temos a Theodoro onde podemos encontrar tudo o que queremos na mesma rua. E também não havia tantas lojas para serem procuradas. Na época todos os grandes músicos de São Paulo compravam ou trocavam seus instrumentos numa lojinha em frente à Estação da Luz chamada Lei-Mar que existe até hoje, só que agora é uma tremenda loja na Av. Rebouças, bem diferente da loja daquela época. O que nós estávamos precisando comprar era um PA e microfones novos para melhorar nossa qualidade de voz. Um contrabaixo porque o nosso era simplesmente horrível. Uma guitarra Fender porque toda banda de nome tinha que ter uma e um teclado que pudesse fazer os sons diferentes que a gente ouvia nos discos e achava incrível. Tarefa nada fácil de ser cumprida. Mas lá fomos nós no Opala para Sampa todos cheios de expectativas.
O primeiro equipamento a ser pesquisado foi o PA. Como já havia uma certa unanimidade o equipamento escolhido foi um Palmer com potencia de 200 watts RMS, 4 caixas acústicas cada uma com 2 falantes super pesados de 12”, 5 microfones Shure e uma Câmara de Eco Cris que produziam um som simplesmente incrível para a época.
O segundo equipamento da lista era um Contra Baixo descente, pois o nosso, como já foi mencionado, era horrível. Mexe aqui, fuça ali e eis que o vendedor nos mostra a menina dos olhos de todo baixista. Um Rickenbacker simplesmente maravilhoso... igual ao que o Chris Squire do Yes usava já naquela época e que usa até hoje. Só que o preço era bastante salgado para a época... instrumento importado. Caríssimo. Acabamos comprando.
O teclado também já estava mais ou menos escolhido. A Yamaha tinha acabado de lançar uma nova linha portátil para fazer frente aos Hammond e Farfisa da época. Acabamos optando pelo modelo YC45D com 2 teclados, e efeitos bastante inusitados para a época.
Faltava, pois a guitarra Fender Stratocaster tão sonhada. Baixamos o estoque inteiro da loja, mas o Edson não gostou de nenhuma. Assim ficamos mesmo com a velha Snake com captadores Fender por nós mesmo adaptados.
E, assim com essa formação e esses equipamentos mantivemos a banda viva até julho de 1974, quando por vários motivos de ordem pessoal, houvemos por bem encerrar as atividades da banda, para nos dedicarmos a nossas profissões, já todos estávamos nos formando na faculdade.
Depois que nos separamos, ficou só a recordação e as lembranças que, sempre que eu e o Zélito nos encontrávamos, era assunto obrigatório. E nessas conversas sempre vinha a idéia de montar a banda novamente. Os anos passaram até que, em 2002, já estabilizados na vida profissional, o Zélito bate uma noite na minha casa e anuncia: COMPREI UMA BATERIA. VAMOS TOCAR DE NOVO.
Mas essa é outra historia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário